Estamos diante de um capítulo marcado pelas parábolas do Mestre, o qual representa a forma eficaz da pedagogia d’Ele.
Com essa parábola, aprendemos que o serviço do missionário é semelhante ao do semeador que lança a semente, ou seja, a Palavra de Deus. Neste episódio, Deus quer que a Sua Palavra seja anunciada e exposta e que as pessoas estejam reunidas para ouvi-la, pois ela descreve o que acontece no dia a dia das pessoas. Por outro lado, assim como o semeador deve lançar a boa semente, assim também o pregador. Ele precisa semear a pura Palavra de Deus e não doutrinas humanas. O pregador precisa ser diligente. Não pode poupar esforços. Precisa lançar mão de todos os meios possíveis para fazer o seu trabalho prosperar. Deve pregar a Palavra oportunamente ou não. Ele não pode se deixar deter por dificuldades e desencorajamentos.
Ele pode espalhar a semente que lhe fora confiada, mas não pode ordenar que ela cresça. Ele pode oferecer a Palavra da Verdade a um povo, mas não pode fazer as pessoas receberem a Palavra e produzir fruto espiritual. Porque produzir vida é uma prerrogativa soberana de Deus.
O ensinamento do texto é uma advertência de que podemos refletir sobre um sermão com o coração endurecido, em que o sofrimento de Jesus pode ser exposto diante de você e você ouvir com total indiferença, como se não ouvisse nada!
Tão rápido as palavras chegam aos seus ouvidos e – na mesma velocidade – o diabo arranca de você. E você volta para casa como se não tivesse ido a lugar algum.
O texto nos deixa duas verdades claras. Primeira verdade: podemos ouvir a Palavra de Deus com prazer, enquanto que a impressão produzida em nós é apenas temporária e de pouca duração. Nosso coração, como o “solo rochoso” da parábola, pode produzir um mundo de sentimentos e boas resoluções, porém, durante todo o tempo, pode não haver raízes profundas em nossa alma, de maneira que o primeiro vento frio de oposição ou tentação pode fazer secar a nossa aparente religião.
E, infelizmente, há muitos ouvintes nessa classe! A mera apreciação da Palavra de Deus não é sinal da presença da graça divina. Muitas pessoas são batizadas como os judeus nos dias de Ezequiel: “Você não passa de um divertimento para eles, como um cantor que canta belas canções de amor, ou como um músico que toca bem o seu instrumento. Ouvem o que você fala, mas não põem uma palavra em prática” (Ez. 33,32).
Segunda verdade: podemos ouvir a Palavra de Deus aprovando cada palavra e, no entanto, não tirar dela qualquer benefício real. Nosso coração – tal como o solo recoberto por espinhos – pode se deixar afogar pelos cuidados e prazeres mundanos. Podemos realmente apreciar o Evangelho e desejar obedecê-lo, mas, no entanto, insensivelmente não dar qualquer oportunidade ao Evangelho de produzir seu fruto em nós.
E, infelizmente, também existem muitos ouvintes dessa natureza! Eles conhecem bem a Verdade. Esperam um dia ser cristãos decididos, no entanto, jamais chegam ao ponto de desistir de tudo por amor a Cristo. Eles nunca tomam a decisão de “buscar em primeiro lugar o reino de Deus”, e por isso mesmo, acabam morrendo em seus pecados.
Estes são dois pontos que deveríamos pesar cuidadosamente. Nunca deveríamos esquecer que há várias maneiras de se ouvir a Palavra de Deus sem proveito.
Por outro lado, o texto diz que os espinhos podem representar a fascinação pelas riquezas do mundo. O versículo 22 diz que as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a Palavra de Deus e aquela pessoa, então, trabalha cada vez menos para Deus.
Finalmente, o texto nos ensina que só há uma evidência de que estamos ouvindo corretamente a Palavra de Deus: produzir frutos!
Arrependimento para com Deus, fé no Senhor Jesus, santidade de vida e caráter, dedicação à oração, humildade, amor cristão, mente espiritual. Estas são as únicas provas satisfatórias de que a semente da Palavra de Deus está realizando o trabalho que lhe é próprio em nossas almas. Sem tais provas, a nossa religião é vã, por melhor que tenha sido a nossa profissão de fé.
Não há outro ensinamento nesta parábola que seja tão importante quanto este. Nisto consiste o verdadeiro Cristianismo: a vida religiosa que você diz amar precisa dar fruto. Portanto, devemos nos indagar neste momento: Que efeito a Palavra de Deus está exercendo em mim?
Temos de estar convictos de que, para chegar ao céu, é preciso algo mais do que ir à Igreja domingo após domingo. As palavras de Jesus em João 15,16 precisam estar ecoando sempre em nosso coração: “Eu vos designei para que vades e produzais frutos”.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: cancaonova.com